Avó Irene(Elegia)
Avó Irene:
Amávamos-te muito e sempre te lembraremos.
É estranho pensar em ti sem te poder ver, sem esperar ver-te. Sem esperar sorrir-te e beijar-te o rosto, sentir a tua aura apaziguadora e, julgava eu (Oh! doce sonho de invencibilidade presente em todos nós) imortal…
É estranho o vazio que deixaste, estando nós tão habituados à tua presença calma e omnipresente, ao cheiro do teu amor manso, que se espraiava no ar e velava por nós.
É estranho não poder sentir outra vez a tua alegria e a tua tristeza, não poder ouvir a voz que nos contava histórias de várias infâncias e vidas, não poder partilhar as tuas memórias: Porque tu viste-nos a todos nascer e de nós todos cuidaste.
Foi mau e devastador ver-te piorar subitamente, mercê de um corpo velho que não suportava a tua alma, mutuamente jovem e experiente, mas para sempre eterna.
Obviamente, essa é uma parte da minha memória que quero apagar. Antes manter-te viva no meu coração como a bisavó atenta e carinhosa de quem que eu tanto gosto…
Porque tu viverás para sempre dentro de nós. Os teus traços podem esbater-se e a tua voz desvanecer-se aos poucos na minha memória, mas existem coisas que ficam firmemente esculpidas na alma! Coisas que lembrarei com alegria e prazer:
A tua vida, o teu sorriso, a tua arte, a tua sabedoria e o teu amor.
São coisas que levarei para sempre no coração, coisas que me deste e que eu sempre guardarei, fazendo parte de mim desde o momento em que as recebi!
Porque embora tenhas morrido e levado contigo uma parte de nós, o que nos deixaste encherá determinadamente o vazio, e o nosso coração crescerá com a tua memória.
Mesmo assim, estará sempre uma lágrima pendente de mim:
Porque nunca mais ouvirei a tua voz.
Amávamos-te muito e sempre te lembraremos.
Amorosamente:
O teu bisneto João