sexta-feira, junho 29, 2007

Ilusões de névoa e fogo

O sonho à beira do abismo é um sussurro que se verte em ventos flamejantes e deambula por ruas caiadas a vermelho-fogo.
O sonho à beira do abismo é o grito lancinante de imagens perdidas nos olhos de morcegos e aves escuras , que rasam os corpos e as águas quentes à espera da perpétua consagração. É a luz recém-nascida de todo o amanhecer, penetrando pelas brechas de fortalezas e solidões forçadas, que nos acaricia e envolve na macieza curiosa e despretensiosa de um dia acabado de morrer.
E é a palidez dos fantasmas mutilados e confusos que se perdem nos recantos mais escuros da imaginação; que nos visitam no limiar do cansaço dormente de um corpo rendido aos suaves tentáculos hipnóticos de cadências aconchegantes.
Porque o sonho à beira do abismo é apenas um sono à beira do abismo.

Mas um sonho à beira do abismo também pode ser o choro de um recém-nascido : A esperança numa nova essência que corra pelas fendas da humanidade. A esperança na liberdade. A esperança na igualdade. A esperança num sonho que pode ser só nosso: de todos nós.

Porque na névoa do sonho reside a esperança. E no abismo podemos planar.