quarta-feira, fevereiro 21, 2007

O Reino Das Brumas

Tu, que reinas sozinha entre os mortos, irmã eterna da Chama sagrada.
Alma Imortal, que abençoas o teu próprio sofrimento, soberano mor do Reino onde os sentimentos são asas.
A Mudança é simbiótica, parte integrante do teu ser. Tu, que os vês chegar chorosos e partir espantados, milhares de Auras passando por ti rapidamente, tentando descobrir uma suposta saída desta ilha dimensional, ignorando, na sua aterrorizada cegueira, que tudo o que existe de momento és Tu, Rainha e Senhora deste ermo lugar.
Incontáveis Fogueiras ardem a teus pés, onde milhares de pessoas dançam, riem, choram e se amam desesperadamente. As suas almas sem corpo misturam-se perpetuamente numa explosão de energia, ávidas do desejo e prazer sem culpa que não têm em vida.
E tu observas, invejosa e impotente, pregada ao teu trono de pedra pelo juramento que fizeste e pretendes honrar. Toda a tua alma estremece, as moléculas fervendo de expectativa pelo momento em que uma nova Senhora chegue e tu sejas libertada do teu dever.
E assim poderás correr e juntar-te ao Fluxo Vital que atravessa tudo e todos, que une todos nós num laço delicado mas indivisível que ninguém pode apartar. E, finalmente, poderás esperar calmamente a tua vez de regressares à vida física, sentires o suave pulsar da Terra nas tuas veias.
Mas, por agora, tens de te manter no teu trono de Pedra, imóvel e sagrada, usando o teu Poder Místico para proteger o Reino e abençoares todos os que te rodeiam.
Tu, que reinas sozinha entre os Mortos.

2 Comments:

At 10:14 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Bem escrito, mas as ideias geram chovam um bocado.

 
At 1:12 da manhã, Blogger Rain said...

Eu é que peço desculpas pela confusão que fiz =/ obrigada pela iniciativa.
Este teu texto não é dos meus preferidos mas gosto da tua escrita.
Gostas muito de filosofia não é?

O título lembra-me a Senhora daS bRUMAS de Inês Botelho, a insistência na luz lembra-me uma passagem de Lobo Antunes acho que no conhecimento do inferno, que basicamente conta a história de um homem de uma tribo africana vem a lisboa e fica hospedado na baixa, não durmiu durante dias, não se mexeu, ficou estático em frente à janela, sem comer, porque o povo dele só durmia quando a luz caía e chegava a noite, e em Lisboa saía a luz do sol chegava a luz da noite (os candeeiros)

Cumprimentos, a ver se acabo de ver o teu blog.

 

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